30 de abr. de 2007

IMAGEM

"Num mundo onde vivemos massacrados pela imagem só a palavra pode criar novos territórios imaginários!"
Nietzsche

7D

28 de abr. de 2007

FLANELA VOADOR!

... e eu me inscrevi no prêmio Jabuti. Os 3 7Novos se inscreveram. Só ganha quem se inscreve, embora o prêmio seja dado pelas próprias editoras e seja mais comercial do que literário no atual momento. No entanto é legal a estátua do Jabuti Moroso cheio de letrinhas nas costas. Que agora está menorzinho. Sempre vi na casa do meu avô o Jabuti que ele ganhou em 84, quando ainda era maior a estatuazinha, e ficava pensando que daria um bom monstro em brincadeiras com Comandos em Ação. Mas a estátua ficava numa prateleira meio sagrada com outros prêmios e medalhas... Eu sabia que não era pra mexer.

Mas não é isso que importa! Importa que a Câmara Brasileira do Livro (CBL) é quem organiza o prêmio e cobra R$225,00 só pela inscrição. Ainda te pedem 5 livros e se você passar pela primeira fase de seleção eles ainda podem te pedir mais livros! Tudo bem, todos os trâmites realizados, fui pra casa e recebi por e-mail a confirmação da inscrição. O detalhe é que eu dei o cheque mas não tinha dinheiro na conta!!! Enrolei o Jabuti Moroso de letrinhas nas costas! Depois de umas duas semanas me liga uma simpática voz feminina da CBL:

- Senhor Domingos aqui é da CBL, estamos tendo um problema com sua inscrição no prêmio Jabuti. Seu cheque está batendo sem fundo!
- Que absurdo! Não sei como isso foi acontecer!
- Queria saber se poderíamos estar reapresentando.
- Lógico, por favor, reapresente o cheque... e aproveitando que eu tô falando com a fonte será que você não conhece alguém da comissão julgadora?
- ...?...
- É, algum jurado! Se você conhecer dá um toque lá! Diz que o Domingos é um cara simpático, que o livro dele é legal e até o cheque bateu sem fundo, ele ta precisando dessa força! Você diz?!
- ...?... Senhor aqui é só o departamento financeiro...

Ela riu muito... acho que eu animei o dia dela. Então se eu ganhar o prêmio queria de antemão dedica-lo a atendente do departamento financeiro da CBL! Minha mecenas! Minha incentivadora!

Jabuti!

7D

27 de abr. de 2007

FLANELA DO JEEP LUNAR


“Chegou a hora do carro zunir
chegou a hora do jeep lunar
agora que quero me divertir
agora eu quero me esbaldar.”
Chacal


sou um flanela de jeep lunar
estacionando nas sombras das crateras
cobrando búzios lunares
nas tardes lado oculto
de profundas felicidades

com minha flanela vermelha e branca
da bandeira esfarrapada
danço entre os carros lunares
das rodovias empoeiradas

sou um ser da lua
com minhas chuteiras prateadas
pisando a bola cinza
embalando em dribles pedaladas

venha com seu jeep
deixe as marcas dessas rodas
giant step for a man
um grande salto do flanela lunar

sou mudo no vácuo
mas aceno insistente para os carros
no som das cores e brilhos
das astronaves que passam

são só alguns búzios lunares
estou aqui até raiar a Terra
estou aqui até a Lua ser eclipsada
aqui de pé com minha flanela-bandeira esfarrapada

sou um flanela de jeep lunar
patino em cada fundo de cratera congelada
deixo seu carro entregue aos ventos solares
e flutuo por aí tranqüilo...
7D

OS SETE NOVOS 2007

agora nas versões flanela, psicopata e rato branco
(foto: Rod Britto. Parque das Ruínas - RJ)

SYLVESTER STALLONE & RAINER MARIA RILKE

SYLVESTER STALLONE
Um parto de Baco, tuas plumas de sangue são castelos de veneno? Um deus dos partos, o castigo das musas, a ruína da margem, teus goles de hospício, teus pastores de luas, o deus pagão de todos os ventos do qual falava Dante. O carro do sol, tuas nuvens de flor, teus escuros escudos desfolhados: Sei que você gosta mesmo é de engolir tijolos concretistas logo no café da manhã. Um índio de parabólica, peixes do caos, na jugular do sol Stalonne vai sangrando pérolas, na jugular do sol. O céu de estrelas fixas, a inocência do camaleão, asa solta, você é o homem do presente. Arena de sombras, teu porto consumado, mancha lunar, tuas gemas de chumbo. Tele-ilusões e suas asas postiças, a noite está nos olhando com seus olhos de tigre (poderíamos muito bem falar: já que Godot não vem, vamos todos dançar ciranda com Guilherme Zarvos à espera do meio-dia). A rua dos relógios, catálogos de vertigens, adestradas sedes. Do horror você faz uma dança, na calçada da pupila, oriente do fundo, sereia microcosmo. Varrer o pouso, chover faróis. Trazer incêndios, pétala-estrela veia-luz, por não agüentarmos mais as paisagens belas e agradáveis, somos estátuas de deus. Monstros de papelão, noites de argila. Sylvester vai sangrando estrelas, vai sangrando estrelas (morrer levitando como uma palavra). Mulheres que sabem chorar. Quero rasgar novas janelas, na jugular do sol Stalonne, na jugular do sol, a inocência do camaleão.
RAINER MARIA RILKE
Palavras são pedras e dias são mapas, poetas criam sua própria ilha em um oceano de céu. Tudo é um grande oceano de céu, todos os segundos perdidos se reúnem aqui. Esquinas e mais esquinas de abandono, as pedras dormem, o pássaro é o umbigo da paisagem. Enquanto isso a cidade acorda em obscuro delírio, infinitas superfícies, delicada treva. O homem se torna igreja, o poeta esculpi suas nuvens, tudo não passa de um oceano de céu. Os desertos ardem, os braços desenham o caminho, todos os futuros estranhos se esclarecem agora. As mãos latem, que o corpo é o maior palco da vida você bem nos ensinou, mas a quem pertence o teu relâmpago? Os arrepios jardins além muros bustos em fina flor o afundar-se em pedregulhos o tempo fui. Teus anjos de destruição ao redor, a lei das musas, teus espaços seqüestrados, escultor de folhas secas, profeta do fundo do mar. Qualquer queda ou vôo, teus dados, o encaixe do mundo. Tuas rochas sustentam o impossível, de todas as meias-noites criva teu grande borrão, um véu tão leve que nem reparamos no choro da multidão. Nosso caminho de ar, se Marte fosse um espelho vazio teus olhos teriam composto. Os dias inúteis, nova beirada, solidões plásticas, o grande sossego das coisas. Teus reis se despedaçam, todas as faces se confundem na tua. Estamos aqui para assistir você tomar posse da luz, acolher luz, conquistar luz, seqüestrar espaços.
7A

GRAND LIEU DE PÈLERINAGE

Estavamos todos na fila do banco
esperando o chamado

e o poeta sorrentinomou-me
- olhaí o Merovíngio!

Então a fila, antes à moda hindu,
transformou-se
em labiríntica forma
familiar ao senhor Jean-Pierre Gorges.

Não é mesmo Jean-Pierre?
- oui oui, me ceci n'est pas Austrasie!

O boy entendeu Austrália
e chamou o gringo de maluco

- caixa três livre
mas não antes das quatro, pensei

e lá foi o Marcelo, coitado
pelo chemin symbolique
qui mènerait l’homme
de la terre à Dieu.

Fechei a merda do Código da Vinci
quia non me erat utilis anymore!


7M

ANTES À TARDE DO QUE NUNCA

Sejam todos bem-vindos aos Sete Blogues!

Disseram que eu não vinha, mas cheguei batido, já diria o profeta B Negão.

Fiquem à vontade, sintam-se em casa. Ainda estamos botando os móveis no lugar, não reparem a bagunça. Se quiserem um drink peçam pro Augusto enquanto o Domingos estaciona os carros lá fora.

7M