24 de jan. de 2008

TODO MUNDO LEMBRA

E todo mundo lembra daquele famoso discurso do Kennedy quando ele diz:
“And so, my fellow Americans: ask not what your country can do for you — ask what you can do for your country.”

Até aí tudo bem afinal de contas um Juscelino, um Getúlio, pra não falar do Sarney com aquele “Brasileiros e Brasileiras” ... enfim todo esse pessoal falava mesmo para, e de alguma forma canhestra, por seus fellows, enfim pro seu povo. Ou o que quer que essa palavra signifique. O problema está na menos lembrada frase que vem depois daquela. A que o Kennedy diz assim:
“My fellow citizens of the world: ask not what America will do for you, but what together we can do for the freedom of man.”

Nesse pedaço me parece mais uma coisa Luke Skywalker. Algo talvez que tenha nascido naquele momento de comoção da vitória com o Darth Vaider fantasmagórico e espectral ao lado do Yoda e o Han Solo dançando com a Léia e o Luke ali muito feliz com sua mão biônica delirando na onda de ter salvado a Galáxia. Tudo como uma grande festa em Massachusetts, depois de ter salvado Nova York, enquanto na Vila Kennedy o couro comia forte. Quem é a estrela da morte?! Enfim... acho que ele se excedeu um pouco. Mas talvez eu devesse usar essa citação naquele processo que eu gostaria de mover pra votar pra presidente dos EUA. Se o Mr President fala em nome dos seus fellow citizens of the world AH! então eu quero também escolher quem é que vai falar essas coisas pra mim! Não quero um boçal qualquer, quero um cara de nível, um cara que pelo menos saiba quem pilota a Millenium Falcon! São sempre idéias meio absurdas, como a daquele cara que morreu de câncer de tanto cigarro que fumou pra ficar doidão e queria processar o governo que não deixava ele fumar maconha que é muito mais saudável. É sempre assim, um cara quer inventar um emplastro que cure de tudo e acaba morrendo de gripe. Mas não ia ser nada mal uma mão biônica feito a do Luke, e aquele lance da Força pra alcançar o telefone que tá tocando lá na sala... Essas coisas difíceis da vida!

Mas vamos torcendo, desejando um próximo ano novo em que tudo surrealize!

“Kennedy I´am your father”

7D.

23 de jan. de 2008

A Deusa EUÁ (por 7A)

mas como enfrentar o trágico?
os altares vivos (as pesssoas) veneram a senhora dos disfarses,
as geladeiras guardam e escondem todas as horas mortas.

amantes da guerra e do silêncio se unam agora! a tigresa EUÁ e as raízes da lua irão deglutir a noite no próximo intervalo comercial. a senhora dos venenos há quem diga que virá para ressucitar Jonh F. Kennedy.

coma seus alimentos imaginários e fume a fumaça que não existe,
há quem afirme que a senhora da invisibilidade virá para implantar o dia do vermelho, azul e branco em todos os terreiros da confederação, suas estrelas são da mais alta e nítida vertigem.

a terrível mulher ilha virá para redescobrir o verdadeiro Estados Unidos do Universo,
a padroeira dos ventríloquos e a senhora dos sonhos é nossa mãe no Império do Transe,
da camuflagem à metamorfose, a senhora camaleão é a tradutora do infinito entre nós.

é o caos entre o dia e a noite,
é o karma da suavização dos Sete céus para terra,
são as Sete encruzilhadas,
são os Sete governadores comendo marshmallow no grande útero de asfalto,
são as Sete novas divindades no sangrar dos horizontes dos pássaros de metal,
são as nossas 50 estradas fundamentais,
é a área 51 no coração da Avenida Pindorama.

a senhora das ilusões parida pelo sopro dos espelhos proibidos,
a senhora das cópias, a senhora da memória,
podemos afirmar, sem susto, que EUÁ trocaria qualquer iguaria por um pretzel do Brooklyn temperado com camarão seco, dendê e onion rings.

a galinha te humilhou sujando sua roupa branca impecável?

para aqueles que não suportam a beleza das coisas há sempre a possibildade de religar a parte branca do arco-íris, pessoas que desaparecem.

zé carioca pilintra
joe pilintra carioca

os Sete Poetas (Domingos, Augusto e Mariano) se transformarão em pombos para espalhar suas sementes no coraçao da terra, Ogum cria o pincel e EUA lhe dá vida, eternizando-o em uma tela de Renoir, Ogum inventa a máquina fotográfica; e EUÁ cria a arte do cinema.
Evoé Holllywood!

o grande chefe general e a senhora do mimetismo,
papai urbano e mamãe menininha de New Hampshire,
Uncle Sam de Xangô e a ialorixá Jacqueline Kennedy,
Franklin Roosevelt de Ogum e George Washington de Exu.

isso tudo nos explica bem o uso excessivo de pipocas no sacrifício.

a senhora da transparência fala em inglês, responde em alemão e francês, ao mesmo tempo que lê uma revista de arte em italiano e atende o telefone em espanhol no meio da Broadway........

parentes de santo e seus cartões de crédito,
John Fitzgerald Kennedy de EUÁ,
que o orixá yankee e seus alvos invisíveis imitem os nebulosos gestos de caça,
nenhum babalorixá jamais irá jamais conseguir imitar os passos de Elvis Xangô Presley,
a calmaria de seu twist barra-vento.

senhores da defesa da ilusão, bebam a aguá do rio sono, a resposta dos ebós e seus convidados noturnos virá tal qual flecha da senhora das guerras, ela é o próprio horizonte, vamos viver de tempo.

"É vodum maioquê, é vodum maioquê, Presley, Presley......."
"EUÁ, EUÁ majô, EUÁ, EUÁ.........."


7A

17 de jan. de 2008

WELL WAR STATE

“Não viajo para paises em guerra” me disse o Miguel quando eu perguntei se ele tinha vontade de ir aos Estados Unidos da América. Guerra!!! A América não são estados, ela é um estado de guerra! E nós conhecemos a América, ou tudo aquilo que eles quiseram nos contar... e nem assim esconderam a luxuosa decadência que é cada império. Temos John Fante e Norman Mailer sussurrando em nossos ouvidos uma América por debaixo da América. John Lennon quis a Roma do século XX e foi aniquilado. Em Roma como os romanos... Em Roma coma os romanos... Nos Estados Unidos coma os Americanos... Mas quem são os Americanos?! “O Pato Donald?! O Mickey Mouse?!” me disse Nil numa canção lisérgica. Na aurora do século XXI existe uma América escondida, talvez ainda não pronta para ser descoberta. Uma América que será arqueológica. Interpretada pelos super-computadores de Isaac Azimov e pelas Inteligências Artificiais de Willian Gibson. On that sky above with the color of a television tunned to a dead channel! É sob este céu que estará a América do porvir. Um céu que estará entornado no submundo, abaixo, muito abaixo dos nossos pés... ou dentro deste parque de diversões da cabeça... A Coney Island of the mind! Será, então, o tempo de ouvir um chamado! Um chamado que não seja sirene de bombardeio nuclear em New Hampshire, nem grito inumano de dor entorpecida em Bagdá! Será o chamado daquelas letras riscadas sem medo em um papel carbono qualquer que deveriam soar mais alto que qualquer God Bless America:

Let us rise and go now
under the city
where ashcans roll
and reappear in putrid clothes
as te uncrowned undergroud kings
of subway men´s rooms!

Great call Ferlinghetti!

7D.

15 de jan. de 2008

Fragmentos de Moçambique (1992)

12.
No condomínio onde eu vivia, nesta vida meio de filho de diplomata, haviam outras figuras da minha idade filhos de estrangeiros de todos os lados. Lembro de duas meninas: Virginia e Malena. As duas deviam ter algo entre 12 e 14 anos. Malena era filha de portugueses, gorda, enorme, usando um maiô envergonhado que tentava esconder suas formas pouco femininas. Virginia era filha de ingleses e era linda. Não tinha o corpo ainda todo desenvolvido como várias das meninas dessa idade, ainda era um corpo entre criança e adolescente, algo em construção. Mas tinha algo em seu olhar que ia além de tudo isso. Algo no gesto de secar o rosto, enrolada na toalha, escondendo o biquíni que escondia seu corpo prestes a explodir em doces hormônios! Ficamos durante toda a tarde brincando na piscina e conversando. Nadar e afundar-se o máximo possível e ver os movimentos graciosos de Virginia. A inglesinha nadava como um peixe, o corpo todo oscilava num movimento único que a levava de um ponto a outro com uma velocidade espantosa. Esses frames eram cortados pela cortina adiposa de Malena que insistentemente se interpunha entre Virginia e eu. Virginia brincava ao longe, mantendo sempre uma distância de segurança, como que sabendo que um contato físico era extremamente desejado. No máximo jogava água e ria mergulhando para cortar a água com sua hidrodinâmica de menina com escamas! Malena não! Tentava se aproximar ao máximo e quanto mais física a brincadeira melhor. Ela era gorda, bruta e torpe. Passou longos momentos tentando me afogar, o pior é que ela era bem mais forte. Ser afogado por uma menina e não conseguir se desvencilhar poderia ser algo humilhante para um garoto de 12 anos. Mas naquela situação era quase um acordo tácito. Ta bom... eu olho a sua amiguinha linda e você me afoga de ciúmes. Assim eu me sentia menos culpado. Depois de horas de piscina sentamos nas cadeiras de plástico para comer uma porção de fritas com gosto de cloro com os dedos enrugados. Eu contava histórias sobre o Rio de Janeiro. Nós estávamos em Maputo, mas o Rio parecia algo tão ou mais exótico para elas. Não bastava falar das belezas naturais e dizer que nós também tínhamos cinemas e televisão e que nossas novelas eram exportadas para o mundo todo e que a literatura brasileira era imensa. Para fazer uma imagem forte eram necessárias cenas de guerra! Os arrastões na praia, o caos das favelas, as valas negras que desciam para o mar e toda essa vida que se esgueirava por entre a violência buscando uma passagem para o paraíso, como uma planta que cresce se contorcendo para buscar o sol. Eu contava histórias absurdas de como havia fugido das perseguições de traficantes e bandidos, de como a vida no Rio era por um fio, entre o morro o mar e uma bala perdida. Virginia era toda enrolada na toalha, batendo os dentes de frio, com os dedos velhos enrugados, bochechas coradas, olhos claros e suaves. Ela olhava um horizonte inexistente, talvez tentando achar um Hyde Park na cabeça ou procurava alguma nuvem cinzenta no céu azul intenso com o sabor do índico. Cada movimento de Virginia fora da água era tão gracioso quanto dentro. Mexia pouco o corpo, sentada com as costas eretas. Buscava as batatas com um palito e as comia devagar uma a uma. Até tremendo de frio o corpo dela mexia de forma incrível como uma pétala ao vento. Já Malena atacava as batatas com uma fome ancestral, eram mãosadas furiosas que esmagavam batatas coradas entre seus dedos gordos. Ela enchia a boca e continuava falando sem parar, sua tentativa de se comunicar era comovente e beirava a simpatia, mas ela se mexia como uma morsa e buscava desesperadamente um contato visual, uma cumplicidade que não viria. Fora d´água ela não podia me afogar e sem me castigar era como se não valesse eu me perder olhando sua amiguinha. Com 12 anos começamos a descobrir essas selvagerias da vida, começam a nascer na carne estas primeiras cicatrizes. Virginia era linda, Malena era gorda. Depois daquele dia nunca mais vi nenhuma delas.
7D

12 de jan. de 2008

paranóia com brócolis 2008 (7A)

naquela adorável hora noturna de Ford.
os luxos letais.

o velho paralítico continua a sua corrida,
me acostumei com vexames.

os tranquilos swamis hindus de Hollywood,
os gigantes malucos de Boston mascam conservas e filosofam que os guetos trazem sensação de vida.

os marcianos de Detroit,
os narcisos da Louisiana,
os santuários concretos de Portland.

o prazer de ser vigiado
(love ruins everything)

vou buscando tua (minha) essência...............

os intrincados pântanos da Florida e os prisioneiros de Pittsburgh.
camponesas gregas descem as ladeiras do Ohio com cestas de cólera na cabeça,
procuram poesia em tudo.

não existe homem forte desde que inventaram a pólvora.

o alto chamado da grande maçonaria americana do Arkansas,
os Homeros de Little Rock e seus oráculos.

as paredes pulsam aqui posso perceber tudo respirar como se meu batimento cardíaco controlasse o pulsar dos tijolos que mais parecem batimentos da casa que respira pelos tetos de móveis flutuantes com gás de hélio. Esse foi o balé de tijolos mais bonito que já ví na vida.

se Ginsberg decretou The Fall of America,
eu ouço Lou Reed no banco de trás.

as the world falls down

procuro
ainda.

7A.