4 de jul. de 2008

O Super-Homem da capinha vitoriana não é o Übermensch nietzschiano (7A)




Os VIPS dispensam a tremenda solidão do universo, nunca estão sós. Superman se integra na cidade e vira seu grande mito, já Macunaíma sucumbe e volta para casa. Se proveniente de Kripton ou da selva amazônica parece fazer a maior diferença aqui.


O objeto plástico da última novidade está centrado na titanomaquia da fraternidade do submundo e suas latrinas. Olhes nos acampamentos do Wisconsin, na solidão do Dakota. Imagine os golfinhos de Miami e suas vaginas de cheiro ocre de turbina e bonecas de carne. A libido universal das máquinas na voz rouca das ruas.


A melancolia paralisante do ladrilhador versus o rato sórdido e adorado Mickey. The Tower of wisdom de Pittsburgh sentenciou: A androginia é puro espetáculo em Marylin Manson, e não uma escolha cênica de discurso como fazia David Bowie.


Os Simpsons de Saigon e suas Yogas Partys. É o POP da Máfia. É o Mardi gras que a ditadura da diversão tentou criar. É a Senhora Drama Queen navegando pelas águas do Missisipi. O naufrágio feliz dos rednecks não explica mais nada. Já o Mardi gras em Easy Rider é a procissão religiosa da vertigem psicodélica que leva os personagens ao cemitério.


O monólito em sua descontinuidade geométrica tem o totem em seus elementos gramaticais codificados, e não somente como Deus dos macacos. Estaria Stanley Kubrick certo?


O Rei da Inglaterra levou toda sua corte para Virginia. E o Prêmio Nobel da paz foi dado ao homem que inventou os explosivos. E viva o distanciamento Greta Garbo dos queridíssimos João e Roberto. Por criarem condutas tão azuis, suas aparições são especiais ao ponto de jogarem rosas na platéia ou falarem tão baixo de modo a ecoar no infinito do infinito do infinito do infinito do infinito do infinito do infinito.


O que o diferenciaria do Übermensch, seria a contraposição entre a vontade de poder e a pulsão de poder. A pulsão de poder nietzschiana não toma os outros por medida, mas é pulsão própria que deseja seu limite na busca contrária a qualquer determinação estanque de vida. O que parece se afirmar em Nietzche não é o status do poder, no sentido de força, mas sim a potência de se afirmar, o que se desdobra na vontade plena de fazer em si. O Übermensch nietzschiano, que muitos traduzem como além-homem, é inseparável do conceito de Vontade de Potência. Deve ser pensado o Super-Homem como sendo o que se libertou de todos os parâmetros definidos para viver de forma plena essa afirmação de si, que se dá na criação de novos valores, como a criança de Assim Falou Zaratustra. Portanto, nada tem haver com o titã super-galáctico norte-americano.


A liberdade é um fantasma. Ney ameaça os homens, pois sua sensualidade é um desconforto, transpira monolito, já Michael Jackson o contrário. Extra, extra! Wagner zaratrusta acaba de anunciar schopenhauriamente que toda arte aspira a ser música. E a Gretchen do Fausto de Goethe sairá dançando em playback na próxima Micareta de canibalismo. As musas norte-americanas não possuem pés.


No urbanismo de traçados quadriculares, queremos os labirintos.


Queremos o Robison Crusoé do Bunuel e seu alucinógeno mar vermelho.


Queremos morar em um prédio artificial no paraíso com cobertura na forma de monstro mitológico tal qual o Mollock (e não Molloy) do Metropolis em Fritz Lang e desenvolvido por Allen Ginsberg no livro The Fall of America.


Os Sete Novos estão atrasados para a velocidade teleguiada das máquinas divinas dos diamantes que voam pelas galáxias.


Uma criança chora pelo mundo:

Enquanto William Burroughs conversa com as gaivotas ,

Nat King Cole sonha em seu jardim de gasolina.

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