16 de jun. de 2010

Bola de Cristal N°1 (por Rô)

Bola de Cristal

A pré- adolescência costuma ser uma fase mágica. Muitas descobertas e primeiros passos rumo a si mesmo.

Sou alguém, caralho!

O futebol nessa época faz todo sentido. Eu pertenço!Antes de ser brasileiro o cara é flamengo, é Grêmio, é santista, é Remo, é Bahia. Ser brasileiro é uma decorrência.

Caralho, existe um país!

É o começo do chamado “meu tempo”. No meu, havia Nat King Colle , João Gilberto, Juca Chaves, Wandinha vagamente, mulata bossa nova que entrou no Huli guli e só dava ela. Gene Kely sempre lindo, lutando espada no cine Metro, Oscarito grande Otelo, futebol de praia, sundae no Bob’s e a descoberta da sexualidade e da poesia.
E a seleção brasileira.

Havia uma década os canarinhos tomavam porrada, desde que Barbosa não conseguiu defender o chute uruguaio que nos tirou a copa de 50. Andei pesquisando e vi que as vitórias são muito mais numerosas que derrotas e empates, mas tomar seis gols da Bélgica, 5 da Holanda, 4 da Hungria e outros fiascos, permanecem mais vivamente na memória que belas vitórias.

Concluo que mesmo quando éramos vira-latas, como dizia o grande Nelson, já não suportávamos derrotas da seleção. Porra, derrotas do BRASIL.

Em 58 fomos pra Suécia esperançosos mas escaldados. Não tínhamos um time, muito menos um técnico (Vicente Feola,o Gordo, era dirigente do São Paulo com breve passagem como técnico). Mas pela primeira vez formou-se uma comissão técnica pra despersonalizar as decisões técnicas. Foi a única que vi funcionar como previsto. O que vejo hoje é um time de apoio ao treinador não uma equipe democrática.
O time foi se formando ao longo da competição. O cibernético dr. Carvalhaes, psi de plantão da seleção, recomendava evitar jogadores negros, despreparados para conquistas. Por isso gênios como Djalma Santos, canhoteiro e o próprio Zizinho, o mestre Ziza, ficaram de fora.


(em pé: De Sordi, Dino, Belini, Nilton, Orlando e Gilmar; agachados: Joel, Didi, Mazola, Dida e Zagalo)

Gilmar, De sordi e Belini. A zaga poderia ser italiana. Dino Sani , outro carcamano, e os brasileirinhos (brancos) Orlando Pessanha e Nilton Santos, completavam a defesa.
No ataque o leporino Joel, ponta do flamengo, Mazola, já negociado com a Itália, Dida, segundo maior artilheiro da história do mengo e Zagalo, um estreante, muito inferior tecnicamente ao lendário canhoteiro, uma espécie de garrincha pela esquerda.

E Didi, o inventor da folha seca (uma espécie de saque balanceado no vôlei), o grande cérebro do time. Preciso nos passes, mesmo nos de 40, 50 metros; na armação de todas as ações de ofensivas , meia de ligação por excelência.
Negro, casado com uma divorciada, um constrangimento na época.

Amanhã: (no caso ontem desculpe o atraso) nota dos 7Novos.

Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor.

2 comentários:

Augusto Guimaraens Cavalcanti disse...

Pois é Rô, vale lembrar que o Didi saiu do Fluminense exatamente por isso....por ser casado com 1 mulher separada...na verdade o que dizem é que quando ela foi impedida de frequentar a piscina da sede social do clube o Didi pediu o boné e foi parar no Botafogo....

Augusto Guimaraens Cavalcanti disse...

Queria ter visto o maranhense Canhoteiro jogar...realmente dizem que jogava mto + do que o Zagallo, só não tinha a estrela do mesmo e foi meio que 1 Garrincha ao avesso, com bastante potencial, mas que não chegou a brilhar pela Canarinho....Canhoteiro, mais um entre tantos Josés de Ribamar.