29 de jun. de 2010

A presença morena de Pak-Doo-Ik

Segundo a Wikipédia, essa espécie de Barsa escrita por mortais, Pak-Doo-Ik é o único jogador norte-coreano imortalizado internacionalmente por ser o autor do gol que desclassificou a seleção italiana nas oitavas de final da famigerada copa de 1966.

Desde criança, 1966 para mim significa duas coisas importantes, muito além do campeonato dos ingleses: o lançamento de Revolver dos Beatles e Coréia do Norte na copa. Nesse quadragésimo quarto aniversário de 66 algumas homenagens correram o planeta. A primeira delas é que me auto-agraciei-me da versão remasterizada do Revolver. As outras estão na copa da África. Itália eliminada cedo por um time sem expressão, os alemães vingando-se da final de 66 contra os ingleses, com direito a gol anulado por parte do english breakfast team, e, claro, o time da Coréia do Norte. Chorei junto com o Tae Se, mesmo que por dentro, durante a execução do hino norte-coreano na partida contra o Brasil. Lembrei de Pak-Doo-Ik, da tristeza do 3 a 5 contra o time sem vergonha do Eusébio e, principalmente, da estadia do time comunista na cidade de Middlesbrough. Foi uma felicidade sem fim, me lembro bem, mesmo não estando lá. Pak e seus amigos boleiros dançaram bailes, comeram fish and chips, sentiram ao vivo a swinging Middlesbrough dos anos sessenta. Até o prefeito se vestia com as cores da Coréia do Norte (que não por acaso são as mesmas da Grã-Bretanha). It's good to live in peace and I agree era o zeitgeist do plantel asiático que mais tarde seria utilizado por Caetano Veloso.

Outro dia passou um documentário sobre o imortal time coreano de 66. Um par de coisas me impressionaram no filme. A primeira: as gigantescas coreografias promovidas pelo Comitê de Coreografias Gigantescas Norte-Coreanas que ocorrem diariamente no Estádio Nacional de Piongyang. Não existe Bob Wilson ou abertura olímpica mais aterrorizante e sublimadora e bela e megalómana do que estas coreografias. Quem não teve a oportunidade de ver que procure. A segunda: a cara de felicidade, satisfação e benevolência do já idoso Pak-Doo-Ik. Cheio de condecorações no seu fardão e munido de um belo óculos de grau, Pak é o Che Guevara da Coréia do Norte, o Guimarães Rosa da Coréia do Norte, o Tom Jobim da Coréia do Norte, mesmo estando vivo.

O choro de Tae Se sempre terá razão.

7M


2 comentários:

Anônimo disse...

Que jogo louco!
Que jogaço!
Eusébio pedalando e tudo!

Ah! se todo show do intervalo você assim!

7D

Augusto Guimaraens Cavalcanti disse...

Até que enfim o 7maradona resolveu dar o ar da sua graça aqui.

7A