22 de jun. de 2010

Sondando a insondável Búlgaria (por 7A)




A primeira vez que ouvi falar na Bulgária, eu não tinha a mínima noção que ela não existia. Foi na Copa do Mundo de 1994, a partir de Histo Stoichkov (o melhor jogador búlgaro da história), que me chegaram as primeiras notícias daquele insipiente país. Me lembro bem que o búlgaro comemorava cada gol com um grito lançado ao ar clamando por sua possível, mas incomprovada existência. Aliás nessa auspiciosa e abstrata seleção, não só Stoichkov tinha atos imprevisíveis, como o pirotécnico Letchkov também, seguido por Balakov, Ivanov e Penev. Com a camisa 8, Stoitchkov era o responsável por comandar um time que tinha talento, embora parasse tantas vezes nos seus próprios traumas. Mas, convenhamos, ninguém apostava um tostão furado nos búlgaros. Até 1994, nunca tinham vencido sequer um jogo em Copas do Mundo – isto porque já haviam participado de cinco delas; eram 16 atuações, com constrangedores seis empates e dez derrotas. Se a Bulgária existisse, consequentemente deveriam existir os búlgaros. Definitivamente 1994 foi um ano mágico e inesquecível para toda a cosmogonia búlgara e para sua bulgarosofia, como não poderia deixar de ser. Após a classificação heróica nas Eliminatórias, quando o time virou sobre a França e a eliminou no último minuto, em plena Paris; a tão sonhada primeira vitória viria em solo americano. Com um estrondoso 4 a 0 sobre o panteão decadente da Grécia, a maldição búlgara estava prestes a ser desfigurada, dizem que sob aplausos esfuziantes do escritor Campos de Carvalho.

O grande trauma búlgaro é ter que desafiar a lógica sempre que se quer vir à tona e virar o mundo de pernas para o ar. Como se sabe tais inversões sistêmicas não acontecem todo dia, e o esquadrão búlgaro, por exemplo, nunca mais conseguiu vencer em outra Copa do Mundo. Preferiu se recolher a sua tão estrondosa invisibilidade. Invisibilidade esta que vem assolando milhares de logicistas e bacharéis do bom senso ao redor do globo. Enquanto isso, em Sófia, Stoichkov continua exibindo intermitentemente seus passes de mágica como tantos outros búlgarologos fizeram no passado. Esta é a insofismável e ululante seleção base búlgara que clarificou o estádio nacional Vasil Levski em 1992-1996: 4-3-3. “Mihailov; Tzvetanov, Ivanov, Hubchev e Kiriakov; Yankov, Balakov e Letchkov; Stoichkov, Kostadinov e L. Penev.”




Um comentário:

Anônimo disse...

Aos 16 anos Histo matou seu professor de lógica alegando legítima defesa! E que defesa seria mais legítima que as defesas do goleiro Mihailov!

Viva a inexistência da Bulgária!

Lembrando sempre que Deus é o rei dos ausentes e nem por isso você consegue provar que ele não existe!

7D.